Povos Indígenas

Mesmo em meio a inúmeras tarefas a cumprir, que ampliam em progressão geométrica na vida de toda/o professora/or universitária/o no final do ano, Els Lagrou, com imensa generosidade, e após insistência incomum de nossa parte – o que se explica diante da consciência de sua relevância e importância para a composição deste Dossiê sobre Artes, Estéticas e Representações Indígenas –, conseguiu se organizar para nos ceder esta valiosa entrevista, que certamente impactará positivamente àqueles que se dispuserem à imersão em mundos outros além dos seus, para tanto, como a própria Els Lagrou finaliza esta instigante conversa, “Basta querer ver para que um novo mundo de possibilidades relacionais e ontológicas se abra, não somente para os aprendizes de antropólogo, mas para todos que querem e podem ver”.

O objetivo deste estudo foi diagnosticar o conhecimento da etnia sateré-mawé do Andirá - Barreirinha/Am sobre os crustáceos decápodos, identificando usos e costumes e as terminologias utilizadas para os animais. A região amazônica, devido a diversidade de etnias presentes, é um polo riquíssimo e pouco explorado desse tipo de conhecimento. Os Sateré-Mawé fazem parte de uma etnia indígena que habita a floresta tropical, principalmente, entre os estados do Amazonas e Pará. Integra a família linguística tupi-guarani e, atualmente, nota-se a perda do intercâmbio dos saberes tradicionais por parte das novas gerações. A etnia possui cerca de 8.373 indígenas, 5.510 dos quais falam a língua Sateré-Mawé, 2.992 que leem e 2.980 que a leem e escrevem. Para a obtenção dos dados de interesse, foram realizadas entrevistas com perguntas que tratavam da nomenclatura utilizada para a identificação de camarões e caranguejos, sobre o conhecimento das regiões corporais, do uso dessas espécies como alime...

Guillaume Candela (Universidade de Leeds, Inglaterra)

Decolonizar na  Historia de "Indígenas de Papel" y Protagonizar Agentes Indígenas en la Frontera de la América Hispanica y Portuguesa (Siglos XVI-XVII)

Pensar el protagonismo o la agencia de los pueblos indígenas en la América ibérica colonial es indispensable y necesaria para emprender una empresa de descolonización de los llamados “indígenas de papel”. Para ello, quisiera volver a los archivos, a la documentación colonial para reconstruir una agencia índigena focalizandome en las y los protagonistas indígenas que sobresalen a traves de un estudio profundo de los nombres de protagonistas, de los espacios ocupados y de los conceptos en lenguas vernáculas. Esta tarea qué me propongo hacer se acompaña de una reflexión metodológica sobre la práctica del historiador comprometido con la historia de los pueblos indígenas.

Para nuestro estudio sobre este espacio de las fronteras ibéricas en la Cuenca del Plata, este intéres en reconstruir una historia de los pueblos originarios nos aparece cómo lógico y esencial para entender las sociedades ibéricas coloniales entre São Vicente y Asunción del Paraguay pero también en los espacios como el Guaira, Mbaracayu, los ríos Iguazu, Parana, Paraguay y otros espacios como Cananea, São Francisco, y la isla de Santa Catarina… Todos estos espacios en la documentación colonial se conectan con realidades del pasado y del presente de los pueblos indígenas especificamente de los pueblos tupí-guaraní.

A partir de un estudio meticuloso de la documentación colonial propongo en esta charla reconectar el protagonismo de los pueblos indígenas (mburuvicha, pajé, yanacona, mitayo…) con las diferentes metas y los diferentes proyectos de los agentes europeos (conquistadores, gobernadores, bandeirantes, encomenderos y jesuitas…). El propósito concreto de esta ponencia es mostrar el resultado de esta nueva lectura de la documentación colonial a través de un filtro decolonial con el fin de resituar el espacio de poder de los actores indígenas (mujeres como hombres) deconstruyendo esta narrativa producida por escribanos y por jesuítas.

De esta manera, quisiera enfatizar que la transcripción de documentos de los siglos XVI y XVII se convierte en una arma muy poderosa para desvelar nombres de indígenas relacionados con sus espacios, para entender las luchas y resistencias de muchas comunidades indígenas que pretendían y siguen apostando a diferentes formas de pensar el mundo proponiendo otro modelo de sociedad.

Esta ocasión será muy oportuna para reflexionar sobre el tema de los “indígenas de papel” y como historiador de la América colonial quisiera pensar el protagonismo indígena no solo como una forma de resistencia a la colonización sino también cómo una propuesta intelectual de las mujeres y hombres originarios que vivían en esta zona de frontera y qué querían de algún modo trastocar de manera radical este pacto colonial.

Finalmente, esta ponencia se detendrá en poner de realce los diferentes impactos de los proyectos de evangelización en los pueblos originarios antes y durante la instalación de las misiones jesuíticas con el fin de reflexionar sobre estrategias de los chamanes y otros agentes indígenas en reformular nuevas formas de ser cristianos y practicar una espiritualidad más inclusiva con otro tipo de ortodoxia de manera que nunca perdieron el contacto con las tradiciones milenarias. La expresión de una oralidad sin falla, de una memoria inalterable y de sus propias historias primigenias hacen hincapié en el respeto absoluto del medio ambiente de todos sus habitantes, los seres vivos pertenecientes a la flora como a la fauna. Esta reflexión sobre la necesidad de repensar este concepto de “indígena de papel” nos permitirá avanzar nuevas hipótesis de trabajo para una historia de los pueblos indígenas más intercultural, más inclusiva y también más pública que definitivamente propone integrar un dialogo con intelectuales, profesores indígenas sin límites conceptuales ni temporales para juntos repensar la nueva historia de los pueblos indígenas.

Carlos Paz (FCH-UNCPBA)

Pensar a História Indígena além dos Indígenas de Papel

Pensar a História Indígena requer, em primeiro lugar, voltar aos arquivos e à documentação que eles resguardam, considerando a possibilidade de identificar aqueles tópicos que se apresentam como uma recorrência notável, para assim, então, poder reconstruir os pontos de confronto entre a sociedade colonial e as sociedades indígenas.

Neste corpus documental podemos encontrar os vestígios de um protagonismo indígena que permite questionar o alcance das instituições coloniais que tinham como objetivo controlar as populações indígenas. Os indígenas de papel, por tanto, são filhos indiretos de uma operação colonial que tinha como objetivo reduzir a diversidade ameríndia dentro dos cânones da epistemologia europeia. Tirando, ou tentando apagar, todas as conexões que sabemos que existem entre a Natureza e os fatos considerados como políticos que permitem dar conta da agência e do protagonismo indígena.

Em segundo lugar é importante recompor os vínculos políticos entre a “política indígena” e a Natureza, voltar sobre aquelas ações que desafiavam o controle que se tentava impor sobre os indígenas, partindo da cosmopolítica ameríndia para, então, poder avaliar as resistências ameríndias de um modo mais abrangente.

O objetivo desta apresentação é pensar a História Indígena desde um olhar crítico da documentação preservada em diversos arquivos laicos de América do Sul e, claro, confrontando esta documentação com a elaborada pela Companhia de Jesus, durante o século XVII-XVIII, para, a partir do caso do específico da região do Chaco, pensar a História Indígena além dos indígenas de papel.

Pensar a História Indígena requer, em primeiro lugar, voltar aos arquivos e à documentação que eles resguardam, considerando a possibilidade de identificar aqueles tópicos que se apresentam como uma recorrência notável, para assim, então, poder reconstruir os pontos de confronto entre a sociedade colonial e as sociedades indígenas. Neste corpus documental podemos encontrar os vestígios de um protagonismo indígena que permite questionar o alcance das instituições coloniais que tinham como objetivo controlar as populações indígenas. Os indígenas de papel, por tanto, são filhos indiretos de uma operação colonial que tinha como objetivo reduzir a diversidade ameríndia dentro dos cânones da epistemologia europeia. Tirando, ou tentando apagar, todas as conexões que sabemos que existem entre a Natureza e os fatos considerados como políticos que permitem dar conta da agência e do protagonismo indígena. Em segundo lugar é importante recompor os vínculos políticos entre a “política indígena” e a Natureza, voltar sobre aquelas ações que desafiavam o controle que se tentava impor sobre os indígenas, partindo da cosmopolítica ameríndia para, então, poder avaliar as resistências ameríndias de um modo mais abrangente. O objetivo desta apresentação é pensar a História Indígena desde um olhar crítico da documentação preservada em diversos arquivos laicos de América do Sul e, claro, confrontando esta documentação com a elaborada pela Companhia de Jesus, durante o século XVII-XVIII, para, a partir do caso do específico da região do Chaco, pensar a História Indígena além dos indígenas de papel.

A partir do episódio emblemático do terreno da Construtora Tenda no Pico do Jaraguá em São
Paulo, ocupado em protesto pelos Guarani Mbya em 2020, este artigo procura refletir - no
âmbito do debate aberto pelo Fórum 21 - a possibilidade da presença ativa da Natureza no meio das políticas urbanas. Se o Plano Diretor Estratégico é uma ferramenta que orienta os caminhos da cidade por vir, o que está em questão é como ele pode responder aos questionamentos feitos
por movimentos que defendem outros modos de produzir cidades. Serão os termos que regem o Plano Diretor suficientes para respaldar os direitos da Mata Atlântica, reivindicados pelos
guarani mbya no caso da Tenda e da Terra Indígena do Jaraguá? E serão as fronteiras –
semânticas, conceituais e territoriais – entre o que é de ordem “social” ou “ambiental”, suficientes para fazer face aos constrangimentos socioambientais cotidianamente enfrentados? A hipótese deste artigo é de que os ditos Direitos da Natureza, experimentados recentemente por
legislações plurinacionais latino-americanas, podem funcionar como possíveis instrumentos
legais que ampliem as vozes participantes que definem e moldam o tecido urbano e territorial da cidade de São Paulo. Por fim, como exemplos práticos, procuramos articular três potentes
estudos de caso que agenciam urbanidades mais inclusivas, sustentáveis e resilientes. São eles, o caso da construtora Tenda no Pico do Jaraguá, o PL 181: Cinturão Verde Guarani, e a disputa pela construção do Parque do Rio Bixiga

O presente catálogo OLHARES E ENCRUZILHADAS SOBRE
OS POVOS INDÍGENAS E QUILOMBOLAS NO NORDESTE,
fi nanciado pelo Edital Chamada Interna AFP
PGCult-UFMA Nº 3/2022, do Programa de Pós-Graduação
em Cultura e Sociedade-Pgcult da Universidade Federal do
Maranhão-UFMA, é fruto de diversos olhares e trabalhos de pesquisa
distintos, no entanto, teceram diálogos entre si. O primeiro
ensaio fotográfi co “I-Encontro das Parteiras Tenetehara/Guajajara
na aldeia Lagoa Quieta, Terra Indígena Araribóia -MA” traz os registros
fotográfi cos do fotógrafo indígena Santo Guajajara sobre
o I encontro de parteiras Tenetehara/Guajajara que ocorreu nos
dias 14 a 17 de julho de 2022 na aldeia Lagoa Quieta na Terra
Indígena Arariboia localizada no estado do Maranhão.
Em seguida, o ensaio “Território Batalha - Vitória da Conquista
- BA” dos autores Juliana Oliveira, Ana Caroline Amorim
Oliveira e José Dias traz imagens do encontro das mulheres indígenas
do povo Mongoyó Paneleiro no Território de Batalha no
município de Vitória da Conquista no sudoeste da Bahia. Esse
ensaio surge como desdobramento da dissertação da indígena
Juliana Oliveira defendida na Universidade Estadual do Sudoeste
da Bahia(UESB) que pesquisou sobre o apagamento e invisibilização
da história indígena da cidade e os processos de resistência
através da arte de fazer panelas guardado pelas mulheres
que provocou uma viagem ao território realizada no âmbito do
Programa Nacional de Cooperação Acadêmica na Amazônia-
-PROCAD/CAPES do qual o Pgcult compõe junto à UESB.
O terceiro ensaio intitulado “A força do protagonismo feminino
na comunidade de Imbiral” da mestre em Cultura e Sociedade
(Pgcult/UFMA) Maria Alice Van Deursen é fruto da sua
dissertação intitulada “Memória e História da Comunidade de
Imbiral: alianças interétnicas constituídas entre indígenas e quilombolas”.
Nesse ensaio fotográfi co a autora apresenta o protagonismo
das mulheres de Imbiral que são conhecidas por sua
força, resiliência e determinação na defesa e preservação do seu
território. A comunidade de Imbiral fi ca localizada na Baixada
Maranhense, à margem oriental do médio curso do rio Turiaçu,
no município de Pedro do Rosário-MA, distante aproximadamente
292 km da capital, São Luís.
Em sequência têm-se o trabalho de pesquisa do autor
Alípio Felipe Monteiro dos Santos com o título “Pinheiro quilombola,
Caruma da Memória” também, fruto da sua dissertação de
mestrado defendida pelo PGCULT nomeada de “Memórias e
Etnogênese das comunidades quilombolas do território do Caruma,
Pinheiro, Maranhão”. Neste trabalho, o autor apresentar
com imagens e refl exões produzidas no/pelo campo em que a
política do tempo, que separa e seleciona memórias a fi m de
contar quem é Pinheiro, é desconstruída quando as comunidades
tradicionais quilombolas se organizam e resolvem bricolar à
força a memória pinheirense, recolocando a si mesmos nos lugares
de memória, reivindicando sua existência
Ainda na Baixada Maranhense a artista interdisciplinar e
antropóloga Josinelma Rolande nos apresenta o ensaio “Conceição
Quatí, “diz que a minha nação toda é de índio” fruto das suas
refl exões da tese de doutoramento na Universidade de Brasília
(UnB). Neste ensaio a autora nos apresenta a Dona Maria da Conceição
Leite Pimenta, conhecida no Povoado Aldeia por Conceição
Quatí, apelido que herdou do pai Inácio Quatí, Inácio Costa Leite,
ela é um corpo-documento bisneta de uma mulher indígena “apanhada
no mato a cachorro”, capturada, sequestrada.
Logo depois, os registros do arqueólogo e pesquisador
Arkley Marques Bandeira sobre “ Modos de fazer cerâmica artesanal
do Maranhão” em que evidencia em seus registros o modo
de fazer cerâmica da comunidade quilombola de Itamatatiua,
em Alcântara - MA. Este estudo constitui-se em um campo de
pesquisa extremamente importante, pois trata-se de uma das
últimas comunidades quilombolas do Brasil a manter o ofício artesanal
de manufatura cerâmica.
E, por fi m, os registros fotográfi cos do trabalho de campo
do projeto de pesquisa “História Indígena no Baixo Parnaíba
Maranhense” (FAPEMA) coordenado pela professora Ana Caroline
Amorim Oliveira composta pelos estudantes do Programa de
Iniciação Científi ca-PIBIC do Curso de Ciências Humanas/Sociologia
da Universidade Federal do Maranhão-UFMA. Neste ensaio
é narrado em imagens as idas a campo no município de Brejo e
seus povoados onde há memória e presença indígena do povo
Anapuru Muypurá que está em processo de levante/retomada.
Este catálogo é dedicado aos povos originários e comunidades
tradicionais. Ele se confi gura enquanto uma singela contribuição
às lutas e resistências dos mesmos. Que este material
possa ampliar os olhares sobre os povos e comunidades tradicionais
numa perspectiva de mais respeito à sua multiplicidade.

El presente artículo aborda el tratamiento mediático de ciertas intervenciones policiales en las provincias de San Juan y Mendoza, durante la pandemia SARS-Covid-19. Con el objetivo de describir, comparar y problematizar las intervenciones policiales en las ciudades de Mendoza y San Juan durante la pandemia, analizamos el tratamiento mediático del que dispusieron dichos procedimientos, así como sus repercusiones en la opinión pública. Nos basamos en el relevamiento de noticias periodísticas realizado en el marco del proyecto PISAC Covid-19 “Fuerzas de seguridad, vulnerabilidad y violencia”.